Bullying: seu filho pode estar sofrendo e você não sabe.
- Juliana Louvise
- 29 de out. de 2024
- 3 min de leitura

Há grande polêmica em torno do tema Bullying. Enquanto alguns atuam na disseminação de informações a esse respeito e no combate a esse tipo de violência, outros nomeiam como “mimimi”, considerando a atual geração fraca e sem condições para lidar com adversidades. A grande questão é que, talvez, esses dois grupos não estejam falando da mesma coisa. Bullying não é uma simples brincadeira ou implicância, comum entre as crianças e até entre os mais velhos e essa questão é tão complexa que os próprios professores podem ter dificuldade em identificar.
Ju, mas se não é isso, então do que se trata?
Bullying é uma situação na qual o estudante é exposto ao longo do tempo e repetidamente, de forma sistemática, a ações agressivas e negativas, de forma intencional e sem motivo aparente. Nessa relação há um desequilíbrio de força e poder, de tal maneira que a vítima apresenta dificuldade de se defender diante do agressor. O bullying pode ser de dois tipos: direto, quando há agressão física, roubo, ameaça ou ofensas verbais, ou indireto, quando há indiferença, isolamento, exclusão, discriminação ou difamação. É comum que meninas se envolvam mais em situações de bullying indireto, e meninos em situações de bullying direto.
Em minha experiência profissional, tenho recebido muitas vítimas de bullying quando eles já estão na adolescência e não estão mais vivenciando aquela situação. Em muitas situações as crianças passaram muitos anos da sua vida experienciando esse tipo de violência e esse é um dado preocupante, pois, quando a família não observa os sinais e quando a escola não intervém de forma adequada, essa criança ficará mais suscetível, inclusive, ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. O bullying pode ser considerado uma situação de estresse tóxico na infância.
Considerando esses pontos, vamos descobrir, quais os sinais que podem indicar que nossos filhos estejam expostos a esse tipo de violência entre pares.
1. Medo e ansiedade impedem que frequente a escola de maneira regular;
2. Na hora de entrar ou sair da escola, espera até que não tenha ninguém por perto;
3. Escolhe caminhos ilógicos para ir e voltar da escola;
4. Evita falar sobre temas relacionados à escola. É comum que não comunique aos adultos o que está acontecendo;
5. Chora e relata dores físicas ou psicológicas em certos momentos;
6. Apresenta tristeza, humor instável e pouca comunicação;
7. Mostra-se irritável, expressando ira ou raiva;
8. Apresenta comportamentos infantis e dependentes;
9. Apresenta ideação suicida e pode chegar a realizar alguma tentativa, em casos graves;
10. Apresenta somatizações, como dores de cabeça, de estômago, no corpo, perda de apetite, insônia, gagueira, pesadelo, enurese, vômito etc.;
11. Finge estar doente para evitar determinadas situações e ambientes;
12. Apresenta nervosismo, ansiedade, estresse, angústia, sintomas que podem levar a um ataque de pânico;
13. Procura ficar perto de adultos na hora do recreio e em lugares comuns da escola;
14. Fica em lugares distantes dos outros colegas;
15. Demonstra dificuldade para falar em sala de aula, dando a impressão de insegurança e ansiedade;
16. Tem baixa autoestima;
17. Apresenta isolamento social na sala, no pátio, nos corredores e fora da escola. Prefere ficar sozinho a sair com amigos;
18. Busca amigos e colegas mais novos;
19. Não tem amigos, não é convidado para festa de outros colegas e não organiza nenhuma festa pois, acredita que não virá nenhum amigo;
20. É vítima de desprezo, zombarias, piadas desagradáveis, recebe apelidos;
21. É o último a ser escolhido em situações de jogo;
22. Está frequentemente envolvido em discussões e brigas em que se encontra indefeso e sempre acaba perdendo;
23. Pode adotar papel de bobo, fazendo palhaçadas;
24. Como consequência da situação, pode começar a ameaçar e agredir colegas;
25. Apresenta piora no rendimento escolar;
26. Apresenta dificuldade de atenção/concentração;
27. Apresenta perda de interesse por atividades escolares;
Outros indicadores:
28. Pede dinheiro sem dizer para que precisa;
29. Pega dinheiro ou coisas de casa para pagar dívidas que não existem, oriundas de ameaça ou chantagem;
30. Fica sem seu lanche;
31. Faz as tarefas de outros colegas;
32. Apresenta sinais de agressão física, como roupa rasgada, lesões externas ou marcas corporais frequentes;
33. Frequentemente desaparecem objetos pessoais;
34. Seus materiais, muitas vezes, se encontram sujos ou danificados;
35. Seu nome aparece em pichações, ou pinturas nas portas dos banheiros, ou paredes;
36. Recusa dizer o porquê se sente mal;
Caso observe algum desses sinais, forneça suporte e apoio. Converse com a escola, para que medidas sejam tomadas lá para ajudar as crianças a desenvolverem formas mais adaptativas de resolução de conflitos. Também vale a pena procurar um profissional de Psicologia para ajudar seu filho a desenvolver habilidades para ter um enfrentamento mais efetivo.
Juliana Louvise
é Psicóloga especializada em Terapia
Cognitivo Comportamental na Infância
pela PUC PR (em formação) e em
Terapia Através do Movimento pela FAV
e autora do livro Águas Passadas
Colorem Moinhos.
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